O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é, há anos, uma das principais portas de acesso ao ensino superior no Brasil. Muito além de avaliar conhecimentos, o exame simboliza trajetórias pessoais, sonhos em construção e a busca contínua pelo aprendizado. Entre os 28.962 inscritos
no Acre em 2025, uma história em particular se destaca pela força e pela mensagem que carrega: a da aposentada Raimunda Freire do Nascimento, de 64 anos.
Na manhã deste domingo (9), Raimunda chegou ao Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceduc), em Rio Branco, com mais de duas horas de antecedência. A pontualidade, combinada com a serenidade no olhar, traduzia o compromisso que ela assumiu consigo mesma. Pela primeira vez, enfrentaria as provas do Enem — um passo significativo em direção a um sonho guardado por décadas: cursar Administração, área na qual trabalhou na juventude e pela qual desenvolveu profundo apreço.
“Resolvi fazer o Enem porque o estudo não é só para os jovens”, afirmou com firmeza. Sua fala ressoa como um lembrete poderoso de que o conhecimento é um direito universal e atemporal.
Após concluir o ensino fundamental e o ensino médio já na fase adulta, Raimunda não conseguiu realizar o exame no ano anterior por questões de saúde. Em 2025, recuperada e determinada, decidiu transformar a própria história em inspiração.
A participação de Raimunda reforça uma lição essencial: a idade nunca deve ser vista como barreira para a educação. O Enem, assim como outras oportunidades educacionais, acolhe pessoas de todas as idades, trajetórias e realidades. Cada inscrição representa um projeto de vida, e histórias como a dela demonstram que o desejo de aprender e se desenvolver não se limita ao tempo, mas sim à vontade.
Enquanto milhares de estudantes se preparam para o segundo dia de provas, no próximo domingo (16), exemplos como o de Raimunda iluminam o verdadeiro espírito do Enem: a educação como caminho permanente de transformação, autonomia e esperança. Seu gesto corajoso reafirma que nunca é tarde para recomeçar.