O avanço recente da coqueluche em diversos países da América Latina preocupa autoridades de saúde. Segundo alertas da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS), a região registra crescimento de infecções e circulação de cepas multirresistentes, fenômeno impulsionado também pela queda nas coberturas vacinais depois da pandemia de covid-19. Diante desse cenário, governos locais têm vigiado e ampliado campanhas de prevenção para evitar novos surtos.

Esse contexto internacional acende um sinal de atenção no Acre, sobretudo porque centenas de acreanos estão se preparando para viajar a Lima, no Peru, onde Flamengo e Palmeiras decidem a Copa Libertadores 2025 neste sábado (29). A partida, que deve reunir multidões no Estádio Monumental de Lima, deve atrair torcedores de todo o Brasil. Como ocorre em grandes eventos, a intensa circulação de pessoas tende a aumentar a possibilidade de transmissão de infecções, motivo pelo qual as autoridades pedem atenção redobrada antes e durante a viagem.
Para reduzir riscos, o governo do estado, por meio da Secretaria de Saúde (Sesacre) e do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs), passou a orientar viajantes sobre cuidados específicos contra doenças respiratórias, com destaque para a coqueluche.
Conhecida também como “tosse comprida”, a coqueluche é uma infecção respiratória aguda causada pela bactéria Bordetella pertussis. A transmissão ocorre por gotículas liberadas ao tossir, espirrar ou falar, o que torna a doença altamente contagiosa. O período de incubação varia, na maioria dos casos, de 5 a 10 dias, mas pode chegar a 21 e, em casos raros, a 42 dias.
Os primeiros sintomas se parecem com os de um resfriado comum: coriza, febre baixa e tosse leve. Com o passar dos dias, entretanto, a tosse evolui para crises intensas, acompanhadas de chiado, vômitos, sensação de falta de ar e episódios de engasgo. Bebês e gestantes compõem o grupo de maior risco e, por isso, necessitam de diagnóstico e tratamento rápidos.
Segundo a Sesacre, a vacina é o método mais eficiente para prevenir a coqueluche. No Acre, ela está disponível nas unidades básicas de saúde, seguindo o Calendário Nacional de Imunização. Torcedores que pretendem viajar ao Peru devem revisar sua carteira vacinal, especialmente a dose da dTpa, que protege contra difteria, tétano e coqueluche. Ainda que não elimine totalmente a possibilidade de contágio, a imunização reduz significativamente o risco de quadros graves e de transmissão.
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Segundo a Sesacre, a vacina é o método mais eficiente para prevenir a coqueluche/Foto: Reprodução
Com a grande movimentação de torcedores rumo ao país vizinho, a Secretaria orienta medidas simples, mas essenciais durante o deslocamento e a estadia: evitar ambientes fechados e aglomerações prolongadas; higienizar as mãos com frequência; usar máscara em locais de grande circulação, como aeroportos e o estádio; e buscar atendimento médico caso surjam tosse persistente, febre ou dificuldade para respirar, informando histórico de viagem.
De volta ao estado, unidades de saúde estão atuando com vigilância ampliada para identificar rapidamente possíveis casos da doença. Os profissionais foram orientados a manter atenção especial a pacientes sintomáticos que retornam de viagens internacionais. Quando necessário, exames laboratoriais, como PCR, devem ser coletados para confirmação diagnóstica e acompanhamento de contatos próximos. Além disso, as equipes continuam intensificando ações de comunicação e orientação para fortalecer a resposta rápida do estado.