O município de Cruzeiro do Sul, no Vale do Juruá, voltou a acender um alerta grave ao figurar entre as cidades com mais casos de estupro registrados em 2025 no Acre, segundo dados do Painel de Acompanhamento de Ocorrências do Ministério Público do Estado (MPAC). Entre janeiro e outubro, foram 172 vítimas, número que representa quase 18% de todos os casos denunciados no estado, evidenciando uma escalada inquietante de crimes contra a dignidade humana.

A situação, longe de ser pontual, revela um cenário de agravamento acelerado. O levantamento atualizado no sábado (22) mostra que o Acre registrou 956 ocorrências apenas nos dez primeiros meses do ano, o maior volume já contabilizado para o período nos últimos cinco anos. Mesmo faltando novembro e dezembro, o estado já ultrapassou todas as marcas anteriores, e especialistas alertam que 2025 pode se consolidar como o ano com mais casos de violência sexual.
No ranking estadual, a capital Rio Branco lidera com 355 denúncias, seguida por Cruzeiro do Sul, que ocupa uma posição alarmante. Logo depois aparecem Tarauacá (58), Sena Madureira (47) e Feijó (29). Outro dado que causa profunda inquietação: mais de 80% das vítimas são pessoas vulneráveis, em sua maioria crianças e adolescentes, enquanto 19,67% dos casos envolvem adultos.
A série histórica revela uma curva de crescimento contínuo e assustadora: foram 503 casos entre janeiro e outubro de 2021; 667 em 2022; 736 em 2023; 844 em 2024; e agora 956 em 2025. O ritmo, se mantido, aponta para um encerramento de ano com o maior número de ocorrências de estupro já registrado no Acre nesta década.
Diante desse quadro, especialistas, instituições e órgãos de proteção fazem um apelo urgente por ações mais rigorosas e políticas públicas efetivas de prevenção, acolhimento e proteção às vítimas, especialmente nos municípios mais atingidos, entre eles, Cruzeiros do Sul, que se torna símbolo de uma crise silenciosa e devastadora.