Defesa Civil detalha risco geológico no Papoco e prevê retirada gradual de famílias

O coordenador da Defesa Civil Municipal, tenente-coronel Cláudio Falcão, explicou sobre a possível mudança de famílias que vivem em áreas de risco do bairro Dom Giocondo, conhecido como Papoco, para o bairro Rosa Linda, no Segundo Distrito de Rio Branco. O tema foi amplamente discutido em audiência pública realizada no início da semana na Câmara Municipal.

Falcão afirmou ao ac24horas que a área não está “condenada”, mas é inadequada para habitação. Segundo ele, uma vistoria realizada pelo Serviço Geológico do Brasil identificou no local uma área de movimentação de massa na categoria rastejo. “A palavra ‘condenar’ é muito forte. Eu diria ‘inadequado’. Já fizemos vistorias e relatórios. Fomos ao local com o Serviço Geológico do Brasil, que verificou que ali é uma área de rastejo, uma movimentação lenta, mas constante. Qualquer edificação pode, inicialmente, não apresentar risco, mas depois vai apresentar — e não tem jeito”, declarou.

O coordenador destacou ainda que uma desabitação já foi tentada no passado no Papoco, mas as famílias acabaram retornando. “Seria adequado desabitar a área e não permitir que fosse reocupada. Essa desabitação já foi ensaiada, mas as famílias voltaram”, lembrou.

Falcão explicou que a região não oferece segurança adequada para moradia. “Não vamos discutir identidade, nem quantidade de famílias. A nossa visão é de segurança. E o ambiente não oferece segurança adequada para habitar. Essa é a realidade.”

O tenente-coronel detalhou que o relatório foi elaborado em julho deste ano. “Esse relatório foi feito em julho, com o Serviço Geológico do Brasil, e é assinado também por eles. Para que uma área entre no mapeamento nacional de risco, é preciso o aval do governo federal. Estamos construindo o Plano Municipal de Redução de Risco (PMRR), e essa área estará incluída no plano, que prevê a desocupação. Do ponto de vista de segurança, geologia e gestão de risco, ela não é indicada para habitação. É preciso retirar as famílias e levá-las a outro local.”

Sobre prazos para retirada das famílias, Falcão esclareceu que não há determinação imediata. “Classificamos os riscos em alto, médio e baixo. Ali é risco de médio para alto. Não é uma necessidade imediata, como dar 10, 20 ou 30 dias para sair. Mas é preciso desabitar, e fazemos monitoramento contínuo. O ideal é retirar as famílias. Se fosse agora, seria ótimo, mas não colocamos a faca no pescoço do prefeito.”

O relatório aponta que cerca de 70 a 80 famílias vivem na área de risco. “É mais ou menos isso, entre 70 e 80 famílias. O levantamento preciso é feito pela SAGDH”, informou.

Falcão destacou ainda que o problema não se restringe ao Papoco. “A situação se estende por toda a região do Dom Giocondo, ao longo da rua Rio Grande do Sul. Ali por trás, perto do Educandário, na linha da Secretaria de Educação, toda a margem do rio é área de rastejo. Moradores da rua Piauí também devem ser retirados com o tempo. Não imediatamente, mas devem. A indicação é que saiam gradativamente, conforme monitoramos o agravamento da situação.”

A área do Papoco é considerada a mais crítica, mas, segundo o coordenador, há trechos mais à frente, próximo ao rio, com condições semelhantes.

Questões ambientais e Plano Diretor
Sobre a possibilidade de o local ser considerado Área de Preservação Permanente (APP), Falcão afirmou que a avaliação cabe à Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Ele destacou, porém, que mudanças no Plano Diretor podem alterar a classificação. “O Plano Diretor estipulava 50 metros de faixa de proteção, depois caiu para 30 e agora pode cair para 15. Isso pode mudar a situação de algumas áreas. É algo que precisa ser estudado.”

Relatório final só em 2026
Questionado sobre a divulgação do relatório preliminar, o coronel informou que o documento só será concluído no próximo ano. “Temos um relatório preliminar. Vamos concluir tudo em 2026, quando faremos o lançamento do PMRR. Temos uma cooperação técnica com o Serviço Geológico do Brasil, e por isso não publicamos relatórios antecipados, nem os nossos, nem os deles, para que o documento final seja conjunto e sem divergências.”


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