Cerca de 7,9 milhões de bolivianos vão às urnas neste domingo (19) para eleger 166 parlamentares e o novo presidente, em um segundo turno inédito marcado pela disputa entre dois candidatos de direita e pelo fim de 20 anos de domínio do Movimento ao Socialismo (MAS), partido de Evo Morales. O senador Rodrigo Paz, do Partido Democrata Cristão (PDC), e o ex-presidente Jorge “Tuto” Quiroga, da coalizão Libre, conseguiram capitalizar o
descontentamento popular diante da grave crise econômica e da escassez de combustíveis, entre outras mazelas que comprometem o crescimento do país vizinho.
A situação econômica da Bolívia é crítica: a inflação ultrapassa 23% ao ano, há falta de dólares e longas filas são registradas diariamente nos postos de combustíveis. A escassez afeta o transporte e o abastecimento de produtos, colocando o tema econômico no centro do debate eleitoral. Diante desse cenário, os eleitores buscam uma alternativa liberal que traga estabilidade após anos de políticas estatizantes.
Os dois candidatos têm trajetórias conhecidas. Quiroga, ex-presidente e político experiente, defende reformas liberais e a retomada do diálogo com organismos internacionais. Já Rodrigo Paz, filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora, aposta no carisma e em uma campanha de base, prometendo combater a corrupção e dinamizar a economia sem recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
Independentemente de quem vença, o novo governo enfrentará enormes desafios. A eleição representa não apenas uma mudança de liderança, mas também o avanço da direita no continente, reforçando a guinada conservadora que se consolida em diversos países da América Latina.