Facções ampliam atuação no Acre e usam rios como uma das principais rotas, diz estudo

Um levantamento divulgado esta semana pelo Fórum Nacional de Segurança Pública (FNSP) revelou detalhes sobre a atuação do crime organizado na Amazônia. O relatório Cartografias da Violência na Amazônia – 2025 detalha como facções que operam na região passaram a aprimorar suas rotas e métodos de transporte para driblar a fiscalização e ampliar o domínio territorial.

O documento mostra que o Comando Vermelho (CV) mantém forte presença nas cidades do Acre e preserva o controle das principais rotas fluviais utilizadas no transporte de drogas. A facção explora, sobretudo, os afluentes ligados ao Rio Solimões, entre eles o Rio Juruá, que atravessa o território acreano e se tornou um dos eixos estratégicos para o escoamento de entorpecentes.

“As facções têm diversificado suas estratégias de transporte e controle territorial. O Comando Vermelho (CV) mantém hegemonia nas rotas fluviais, especialmente no eixo do rio Solimões, em articulação com a produção peruana e os cartéis colombianos”, ressalta trecho da pesquisa.

Os pesquisadores apontam que o CV ampliou o uso de embarcações regionais, lanchas rápidas e até submersíveis, além de recrutar “mulas” humanas, para transportar drogas provenientes do Peru e da Colômbia. Essas cargas, segundo o estudo, seguem rumo a grandes centros portuários da região Norte, como Manaus, Santarém, Belém, Barcarena e Macapá.

Enquanto isso, o Primeiro Comando da Capital (PCC) tem concentrado esforços em outra frente. O relatório indica que a facção paulista vem utilizando com mais frequência rotas aéreas irregulares, operando em pistas improvisadas dentro de garimpos ilegais e áreas de preservação. A estratégia permite deslocamentos rápidos e de difícil detecção por parte das forças de segurança.

Outro ponto destacado pelo estudo é a crescente importância da rota marítima via Suriname. Barcos de pesca e pequenas embarcações têm sido empregados para conectar estados como Amapá e Pará a mercados externos, colocando o litoral amazônico no radar do tráfico internacional.

“Essas rotas demonstram a capacidade das organizações em adaptar-se às ações de repressão e fiscalização, deslocando operações conforme o nível de controle das forças de segurança. A fluidez dessas dinâmicas dificulta a atuação estatal e amplia a presença das facções em áreas rurais e de fronteira e na exploração de recursos naturais”, explica o estudo.

O FNSP destaca que a expansão e mudança constante das rotas revelam a habilidade das facções em reorganizar operações sempre que há aumento da pressão policial. A mobilidade das quadrilhas acaba abrindo espaço para que elas avancem sobre áreas de fronteira, comunidades ribeirinhas e regiões ricas em recursos naturais.


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