Um batelão, embarcação de pequeno porte usada por ribeirinhos na Amazônia, foi tomado pelas chamas e reduzido a escombros de madeira e ferro retorcido no Rio Muru, no município de Tarauacá, no último fim de semana, transformando uma viagem comum em minutos de puro desespero na comunidade Paraíso. Apesar da violência do incêndio, ninguém ficou ferido; um alívio raro em meio ao cenário de destruição.
Segundo relatos de quem estava no local, o batelão descia o rio em direção à cidade quando o inesperado aconteceu: o motor, que até então empurrava silenciosamente a embarcação pela correnteza, de repente virou foco de um incêndio. Em poucos instantes, o fogo se espalhou, engolindo a estrutura de madeira e obrigando tripulantes e passageiros a lutarem contra o pânico para abandonar o barco e buscar socorro à margem.
“Teve um acidente aqui no Rio Muru, comunidade Paraíso. A embarcação vinha baixando o rio e, de repente, o motor incendiou. Está uma destruição, o fogo”, relata, em tom de choque, uma testemunha que gravou a cena e ajudou a dimensionar o perigo vivido naquele trecho isolado do Acre. No vídeo que circula nas redes sociais, as chamas intensas dançam sobre a embarcação em chamas, refletindo na água escura e criando um contraste brutal entre a calmaria do rio e o caos da combustão descontrolada.
As imagens mostram o barco dominado pelo fogo e, em poucos minutos, o que antes era um dos principais instrumentos de sobrevivência de uma família ribeirinha tornou-se apenas um vulto carbonizado, boiando ou afundando lentamente, como se o rio tentasse apagar as últimas evidências do acidente.
As causas exatas do incêndio ainda não foram oficialmente esclarecidas, mas, em embarcações de pequeno porte que circulam diariamente pelos rios do Acre, acidentes assim costumam estar ligados a falhas no sistema de combustível ou em fiações improvisadas dos motores de popa. Em barcos antigos, muitas vezes submetidos a longas jornadas e manutenção precária, qualquer fagulha, vazamento ou curto-circuito pode se transformar, em segundos, em uma ameaça mortal.
No Rio Muru, onde a navegação é parte da rotina e da própria identidade das comunidades ribeirinhas, cada acidente é um lembrete doloroso da vulnerabilidade de quem depende da água para tudo: trabalhar, estudar, buscar atendimento médico e trazer mantimentos para casa.